29 outubro 2011

ENTRE VISTAS E PISCADELAS II

Cine no VMB: um dos momentos mais memoráveis... de seus detratores
BANDA CINE

A burocracia das respostas e a timidez das perguntas não engana: a entrevista com o Cine foi feita por e-mail. E isso, geralmente, é uma bosta. Encontrá-los pessoalmente teria sido um must, benhê. Nem tanto por eles serem lindinhos. Nem mesmo para bombardeá-los com divertidos e leves insultos de roqueiro ultrapassado, como fez o pouco dotado de noção Régis Tadeu. Mas principalmente para verificar o que leva a sério um bando de guris capturados de um bairro de classe média qualquer de São Paulo e submetidos a sucesso súbito, perseguições a la ‘Hard Day’s Night’ e campanhas difamatórias evidenciando suas complexas inclinações sexuais. No lugar deles, com a idade deles, com a cor do cabelo deles e a falta de tato musical deles, eu não ligaria pra porra nenhuma. Nem pra e-mails de entrevista. Mandaria um assessor mal pago e frustrado responder tudo em português corrente. E iria pra piscina me masturbar. Peraí. Será que...

 “Abandonamos o lado colorido”

Em entrevista exclusiva ao Cinform, febre adolescente fala do show em Aracaju, relação com o Restart e novas escolhas


Por Igor Matheus
(Publicado no Cinform em 6 de junho de 2011)


Há quem diga que eles fazem som de 'frutinha'. Há quem aponte que eles são coisa de menininha histérica. Mas os moleques da banda paulista Cine não estão nem aí para o que falam deles. E desfrutam, sem moderação, de tudo o que o sucesso instantâneo pode oferecer. Senhores das redes sociais, líderes das redes de compartilhamento de áudio, sultões dos acessos virtuais, os cinco garotos colhem os frutos da divulgação de seus trabalhos na internet sob a forma de uma agenda extenuante de shows pelo país e aparições hora sim hora também na televisão. E para alegria das garotinhas sergipanas - e garotinhos, por que não? - com boletins em dia, DH, Dan, Dave, Bruno e Dash aportam em Aracaju no próximo dia 12 de junho para sua primeira apresentação na capital. O evento, que será realizado no The Office Pub, integra o projeto Rock College, iniciativa que tem se empenhado em trazer para cá todos os ídolos da novíssima safra de rock teen – como se fez, nos últimos meses, com as atrações Fiuk e Restart.

Só que fazer sucesso por aí usando calças coloridas apertadas a vácuo, penteados discutíveis e canções de desenho animado não é coisa para passar batida em nenhuma boa rodinha de debates. E o Cine, junto com sua similar Restart, tem mobilizado uma doentia unanimidade entre os defensores da 'moral e dos bons costumes' - seja lá o que for isso - da arte musical: todos adoram esculachá-los. Só não se sabe muito bem em nome de quê. Então, que menininhas histéricas - e menininhos... por que não? - e conservadores aproveitem a entrevista que Dan, guitarrista do Cine, concedeu exclusivamente ao Cinform no intervalo da estapafúrdia agenda do grupo. Aqui, ele fala da postura da banda diante das críticas ou implicâncias, comenta o abandono do 'lado colorido' e diz o que todos estão esperando da vinda a Aracaju no fim da semana. Confira.

Cinform - Vocês costumam citar Blink 182 e Limp Bizkit entre as referências internacionais e Charlie Brown Jr. entre as nacionais. O que vocês identificariam de similar entre o som de vocês e o dessas bandas?
Dan - De similar ao som do Cine, creio que há muito pouco. O arranjo instrumental mais 'rock' de algumas músicas mais antigas se encaixa nessas referências, mas na verdade essas bandas nos influenciaram no incentivo a querer tocar e formar uma banda. Nós somos muito fãs de todas elas!

Cinform - Como cada um se iniciou nos instrumentos que tocam? São todos autodidatas ou chegaram a estudar?
D - Acho que fui o único que chegou a estudar um pouco mais. Fiz aulas no Conservatório Souza Lima por seis meses. O Pedro fez aulas de piano também. O Dave e o Bruno são autodidatas e mandam muito bem! Acho que todos nós fomos aprendendo a tocar durante esses mais de oito anos que tocamos juntos. Mesmo antes do Cine, já estávamos juntos na estrada por aí. O aprendizado na prática e no 'se vira nos 30' foi muito mais forte para nós.

Cinform - A que vocês atribuem o sucesso na internet? A alguma estratégia específica, sorte, os dois juntos?
D - O que chamou a atenção pro Cine na internet, de início, foi que na época em que o 'emo' dominava a cena no Brasil, nós aparecemos com um som diferente, mais pop, misturando elementos de música eletrônica, sem roupas pretas e sem falar de tristeza. Chegamos com algo novo na época e a galera começou a ir atrás e acessar nosso Myspace, Fotolog, etc. Abusamos das redes sociais e tudo o que a internet podia proporcionar em termos de divulgação.

Cinform - Como é a relação da banda com o Restart, outra força desse novo movimento do rock 'teen'?
D - Não temos muito contato com eles hoje em dia. Mas na época em que começaram com esse tipo de proposta também, eles abriam shows do Cine, e o DH deu algumas dicas a eles. Fizemos muitos shows juntos, o que fortaleceu esse movimento e fez com que ele tomasse mais força no Brasil.

Cinform - Como vocês lidam com reações como a de João Gordo (que quebra o trabalho da banda em rede nacional enquanto solta toda a sorte de insultos) e de todos aqueles que os acusam de não serem mais do que uma onda passageira?
D - Lidamos da melhor forma possível, sempre com bom humor. Inclusive, conhecemos o João e fomos ao programa dele. O cara é super gente fina. E é o trabalho dele 'esculachar' as bandas. Quanto a quem diz que somos uma onda passageira, relevamos e continuamos com nosso trabalho. Enquanto uns estão sentados falando, outros estão fazendo.

Cinform - Em entrevista recente - mais especificamente para o colunista Régis Tadeu -, o vocalista DH chegou a declarar que a banda está abandonando o 'lado colorido'. Qual será então o próximo passo do Cine?
D - Já abandonamos de certo modo esse 'lado colorido' de 2009. É natural com o passar do tempo evoluir e mudar o jeito de se vestir, pensar etc. Hoje em dia, estamos mais sóbrios nas cores e mais ligados em tendências de fora. O próximo passo pode ser conferido no nosso novo CD, que sai agora no segundo semestre.