30 junho 2012

Cinema: “PROMETHEUS”, de Ridley Scott

Momento "agora a porra ficou séria"

Resumo:
Patota bem heterogênea sai atrás de respostas – pra várias questões – em uma lua perto de Putaqueparilópolis a bordo de um velocípede espacial apelidado ‘Prometheus’. Depois da aterrissagem, dois mais dois começa a dar oito. E o resto só titio Ridley Scott mesmo pra estragar. 


Nota: 4,18



Se quiserem realmente acabar com o mundo para evitar outra edição do Rio +20, que façam um experimento genético entre Ridley Scott e a Mulher Melancia. Porque do jeito que o diretor inglês é um bundão, sua fusão com um rabo ambulante engoliria a galáxia como se ela não passasse de um supositório de cereja. 

A mais nova bundice de mr. Scott se revela sob todo o desperdício de enredo, de recursos, de atuações, de altíssima qualidade sonora, de questionamentos, de atalhos roteirísticos, do cacete a quatro que vem embutido no seu ‘Prometheus’. A cada minuto e pouco de um novo clichê – ou de alguma cena tão brilhantemente construída que desperta nos providos de bom senso uma inominável vontade de que mais nenhum personagem abra a boquinha –, o irmão ranzinza de Tony Scott mostra que nunca teve muito tato pra direção geral: seu negócio mesmo é a direção artística.

As obras de Scott pós-Blade Runner trazem duas características recorrentes: ingenuidade dolorosa e orçamento de Olimpíada. Há um terceiro fator, entretanto, que emerge do confronto dos outros dois: o entorno. Se Scott for legar algo ao cinema, será justamente seu apuro e cuidado na construção dos cenários e na sensação de que se está em um ambiente soberbamente alienígena – mesmo em retratações de época. É por isso que a segunda coisa que mais se lembra de algo como ‘Alien’ – depois dos mamilos de ms. Weaver – é o horrendo traço biomecânico de H.R. Giger, talvez a mais indelével influência das artes plásticas na ficção científica cinematográfica.

Em “Prometheus”, a excelência gráfica é levada às últimas consequências. Tudo é incomensurável, de dimensões inaceitáveis, inacessível às insignificantes referências humanas. Eloquente, a cenografia é extremamente eficiente em propor, com sua escuridão insistente, uma grandiosidade adormecida.

O problema é que faltou roteiro. E um pouco de silêncio. Ao invés de transmitir para os personagens o nível de contemplação que parece exigir de seu público, Scott e seus roteiristas de Dragon Ball Z enchem a boca dos protagonistas de mesquinharias. O esforço de fazer com que cientistas do fim do século XXI tenham vocabulário e cosmogonia de pit-boys transformou o que seria uma privilegiada expedição de peritos em uma tour de fracassados que poderiam completar, sem prejuízos, o cast de qualquer um dos dezessete “Velozes e Furiosos”.


Sim, ferraduras podem voar.

É claro que ninguém precisa recorrer à afetação cientificista de Star Trek, com roteiro em alemão arcaico e citações de Plutarco no começo, no meio, nas coxas torneadas de Noomi Rapace e em cima do crédito do cabeleireiro de Charlize Theron. Mas a ambição do tema e o caráter épico e pioneiro da missão não encaixam com a necessidade de aproximar a plateia do que está sendo mostrado. O enredo está em um nível alto demais para que a empatia do público com os personagens seja algo preocupante. Quando o HAL 9000 de Stanley Kubrick diz que a rebimboca-estagalamétrica da nave deu defeito na zona Who-Cares-48, ninguém quer ver Woody Allen com roupa espacial movida a jatos de autodepreciação sair pra dar uma olhadinha. É preciso alguém muito mais invulnerável para aturar a imensidão das dúvidas que aparecem.

A verdade é que “Prometheus” deveria trazer personagens que dissessem muito mais com olhares estupefatos do que com falas deletadas de “Avatar”, e mais distantes de nossa tagarelice e previsibilidade reativa. É humor de péssima qualidade para um sci-fi colocar um sujeito para viajar  quilhões de anos-luz, acordar de um sono de dois anos e, diante de tanto a se pensar, deixá-lo preocupado com questões tão fundamentais quanto o inchaço de suas bolas.

Doze em cada dez resenhistas costumam justificar a falta de consistência de um filme como esse atirando bombas de cocô na acefalia da juventude atual – e na necessidade do mercado cinematográfico de masturbá-la. Mas os problemas parecem ser bem mais complexos do que sugere esse fatalismo "adorniano". É difícil saber o que faz com que um cineasta com a ficha corrida de Scott ainda acredite que tenha que se diluir escandalosamente – porque “Prometheus” é a exata filmagem disso – em nome de alguma coisa que se acredita ser “acessibilidade”. Porque acessibilidade é a puta que o pariu.

“Senhor dos Anéis” é um caso emblemático para enterrar de vez besteiras como essa.  Apesar de sustentada sobre um dos textos mais densos e rebuscados de que se tem notícia no cinema de entretenimento atual – graças à fidelidade shakespeariana aos devaneios medievalistas de Tolkien –, a trilogia se sustenta, até hoje, como a ideia mais rentável e copiada do cinema nos últimos dez anos. Com sua estética sci-fi de luxo sublinhada pelo roteiro de algum episódio de Hannah Montana, “Prometheus” é só um esboço do que poderia ter sido. E incha ainda mais o terrível legado das ‘prequelas’, um departamento que ainda não conseguiu somar, ao cinema atual, um único acerto.

14 junho 2012

"GENESIS"? HA HA




Saudosismo é uma merda. Não serve pra nada. Não percamos tempo com ele. Eis então, na nossa programação dedicada ao hoje, ao já, à atualidade, um grupinho recém-criado em uma garagem qualquer de uma ilhota qualquer do Mar do Norte. Pelo nome, deve falar muito about the fucking church, o que com certeza irá gerar problemas, processos e cruzes incendiadas nos quintais de seus desconhecidos e ingênuos integrantes lá na frente. Traz várias influências de Dream Theater, Transatlantic, Spock's Beard, essas coisas aí. O clipe é uma bosta. Tentaram transmitir um negócio meio 1976, mas ficou parecendo a Bandeirantes. Mas a pecinha é OK. 

Quem quiser conferir o disco inteiro desses pivetes, favor acessar isso aqui:



13 junho 2012

CHESNOKOV



Não sei quem é esse Chesnokov, Pavel. As informações sobre ele só dizem que foi mais um compositor russo que se fodeu nas mãos do sovietismo e seu medinho de manifestações religiosas. Então vejamos o excerto acima e partamos, a seguir, para um exercício: descobrir de que forma exatamente o socialismo pretendia construir um novo Homem incinerando da história coisas como 'Gabriel's appeared'.